segunda-feira, 27 de maio de 2013

Corpo

Encontre-me, conheça-me.
Provoque-me, prove-me.
Dê-me pra viver, uma razão.

Dobre-me, entorte-me,
Faça de mim gato e sapato,
Jogue-me no chão.

Faca-me pedir, perder o controle.
Vá mais fundo, tira-me do mundo.
Torne-me de meu, seu.

Implorarte-ei para não parar,
Enquanto água de nossos corpos,
Colados, melados, não pára de brotar.

Acaba-me, gasta-me, quebra-me,
E em seguida, conserta-me.
Assim, serei seu para sempre.

Tirai a alma do meu corpo vão.
Tira de mim esse sofrimento nulo,
Com essa arma na tua mão.



segunda-feira, 20 de maio de 2013

Parabéns, apenas parabéns


Não sei por onde começar, então, começaremos pelo mais usual: meus parabéns, apenas. Não só parabéns pelo seu aniversário, por mais um ano de vida e conquistas atingidos. Parabéns pela pessoa que é, pelos seus ideais, pelo seu coração nobre e sorriso constante. Parabéns.
Quando me dei conta, já estávamos grudados, trocando segredos, histórias, rolês. Tu tava lá pra me apoiar, pra meu ouvir reclamando, xingando, dando risada e tudo isso era recíproco. E quando me dei conta, também havia misturado tudo e me vi em mais um turbilhão de sentimentos em minha vida. Mas quando realmente me dei conta, vi a pessoa admirável que você é, e que continue sempre assim, crescendo profissionalmente e como homem, por isso digo e repito que não quero te perder. Mesmo eu estando presente ou não neste momento, quero que saiba que penso em ti todos os dias, falo de você, quero falar com você. Não pude estar nessa sua última comemoração, mas estarei presente o resto da sua vida e saiba que a festa não pára. 

“Seja um homem e mantenha sua postura”. - Criolo

Se estiver lendo isso, saibe que eu te amo, como nunca amei ninguém.

quarta-feira, 24 de abril de 2013

Fulano

Após um longo dia de trabalho, Fulano, como sempre, decide ir ao bar de sempre. Entra, senta no lugar de sempre, acende seu cigarro de sempre e aguarda enquanto o garçom de sempre apressa-se para atendê-lo.

" - O de sempre, senhor?" - Pergunta o garçom, como sempre e lança-lhe um sorriso forjado, o que consta sempre num script de um graçom.

" - Hoje vou querer um copo de Mim. Com muito gelo!" - Responde o Fulano.

O garçom, como se não houvesse entendido o pedido do cliente, olha-o desconsertado, desconexo, e extasiado e então pergunta, gaguejando:

 " - C-c-c-como senhor?!"

 " - Quero um copo cheio de Mim, sem nenhuma mistura, para que eu possa sentir todo o sabor e embriagar-me de todo auto amor possível!"

O garçom não pôde atendê-lo pois não conhecia aquela bebida.


segunda-feira, 11 de março de 2013

Confusão


Sabe aquele bom dia que te desejaram? Não verão.
"Aceita?" Não.
Aquelas palavras que você disse. Em vão.
As palavras que você realmente quis dizer. Contam-se nos dedos da mão.
Como você vai ao trabalho? De  lotada condução.
E o que você consegue com isso? Uma contusão.
E então você esbarra em alguém. Era um brigão.
E aquele mundarel de gente do outro lado. Virão.
Você entra na rua errada. Contra mão.
Aquilo que você fez por muitos. Por você nunca farão.
A conta não foi paga. Ligarão.
Caminhará em público. Cuidado com o trupicão.
Algo deita sobre seus pés. Um cão.
Algo gela e dispara. Seu coração.
Aquelas músicas que você não gosta de ouvir. Tocarão.
Tudo aquilo que você não quer ouvir. Dirão.
A cabeça? À milhão.
Sabe aquele dia em que você não devia de ter saído da cama? Então...

terça-feira, 5 de março de 2013

Gole de vida, de bebida

De bar em bar, de mesa em mesa,
De paixão em paixão e de tristeza em tristeza.
Assim vivemos a vida que nos foi dada.
Dada para beber e beber para esquecer.
Esquecer daquilo que nos foi tirado.

Bebamos, erramos e vivamos,
as nossas, as vossas e as outras vidas!
Em rodas, não admitimos nosso alcoolismo,
Assim como não admitimos nossas sinas.

Só, acompanhado, aos fins de semana ou todo dia,
Bebamos em prol do amor, da dor e da poesia.
Para que digam, que falem, que se revelem.
Assim, os verdadeiros ficam e os de mentira se expelem.

Já não sei se quero um novo gole de vida.



sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

Era

Uma nova era começa.
Não é mais o mesmo, tornou-se mais velho.
Não é mais o velho, tornou-se o mais novo.
Não é mais o mais novo, e sim o novato em tudo isso.
Não se prende mais à tudo isso, tornou-se mais livre.
Não é mais humano, agora é mais poesia.
Morrera por dentro e agora é livre para fazer o que quiser.
Renascera e agora é mais ele e não mais o outrem.
Agora é mais Murilo.

Agora é.

segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

Motivos

Avisto a vasta imensidão posta à minha frente. A imensidão que escolhi, cheia de possibilidades e coisas a serem conhecidas. Absorvo toda a imagem, que não cabe aos meus pequenos olhos e memória recente, de tão grande ser. O vento passa por todo meu corpo, acariciando cada pedaço de pele exposta, arrepiando cada pêlo na minha cervical, dando-me pausados beijos doces na face. Sinto como se o mundo não me permitisse tomar aquele último passo, ao mesmo tempo em que a exuberante paisagem ansia em me tragar para dentro de si, para que eu faça parte dela. Os raios solares fazem cócegas por onde me tocam, lembrando do calor que um dia, ardeu em mim. Sinto com meus pés desnudos a grama, a terra molhada e os cascalhos que ali se escondiam. Deito ao chão, perdendo umas duas horas olhando para o céu, descobrindo desenhos em suas poucas nuves, que ora apareciam para tapar o sol, ora pareciam com um coelho, cahorro, elefante... Dizem que quando você está preste a morrer, em sua cabeça é exibido um filme de toda a sua vida em poucos instantes, antes que a ceifadora leve sua alma para longe daqueles onde o coração ainda bate. Eu pude ver melhor que isso. Posso considerar quase como "seção especial": tive uma compilação de bons momentos, de memórias boas e calorosas.
Ponho-me de pé. Encaro aquilo que será minha última lembrança. Um golpe de ar leva meu chapéu para longe de mim e eu não tento recuperá-lo, não valerá a pena. "Liberte-o", penso. Ele segue, rodopiando abismo abaixo, até sumir da minha visão. Lanço meus óculos Rayban pretos abaixo, sem esperar ouvir o estalo da queda. Acendo um cigarro e me preparo, tragando devagar, entregando-me. E então, ele pula. Não para a morte.

Redenção, era o que mais precisava. De si mesmo.