domingo, 14 de novembro de 2010

Apenas um olhar

"O monstro contemplou o rosto da beleza, o que impediu a sua mão de matar. E a partir desse dia foi como se estivesse morto."   


Ele avistou a fera ao virar o corredor à direita, com o seu corpo magro, um pouco mais alto do que o dele, cabelos dourados como o amanhecer que banha os campos de trigo e seus olhos verdes como esmeraldas  lapidadas à mão. Lançou-lhe um sorriso afetivo, como um convite para aproximar-se um pouco mais, ao mesmo instante que a fera deixava aquela fenda, direcionando um olhar furtivo e interessado ao corpo estático que estava parado alguns metros dela. Um olhar que ardia por dentro, que causava calor e palpitações inexplicáveis. Ele, que mantinha aquela imagem cravada em sua mente, puxou seu corpo para o corredor seguinte, num solavanco conseguiu colocar uma perna a frente da outra e caminhar até a galeria que agrupava os outros corredores por onde a fera havia entrado. Ali estava ela novamente, mexendo em alguns objetos nas paredes, com uma expressão de quem sabia que estava sendo observado, um olhar tímido e cabisbaixo que aos poucos ia sendo direcionado ao olhar do indivíduo que a contemplava com tanto louvor. Mais uma vez, aquele olhar caloroso, sustentado por uma ponte quase que indestrutível aconteceu, com as mãos suando e a garganta seca, a única coisa na qual ele pode pensar foi em sorrir novamente. A fera entrou por mais um corredor, dessa vez, acelerando o passo, como se estivesse fugindo daquele que a desejava. Perdendo a visão do corpo perfeito, ele correu por todos os corredores da caverna em busca de tão estonteante beleza, e ouvia os passos ficarem cada vez mais longe e silenciosos, e ao mesmo tempo, diminuindo os dele. Com seu ritmo cardíaco acelerado, ele podia ouvir seu coração pulsar dentro da caverna oca, sentado numa pedra ampla sentiu a sede vir com força total, e a imagem de tal fera misteriosa indo embora junto com a esperança de encontrá-la novamente e tê-la em suas mãos.

sábado, 13 de novembro de 2010

Onde está?

Tocando: Katy Perry - Firework.
Uma repentina ideia caiu na minha telha e sou obrigado a descrevê-la.




- Onde está?
- Por onde anda?
 Somente essas duas frases que ele conseguia dizer, sem tirar os olhos de todas aquelas peças espalhadas pelo assoalho da sala, que não era varrida havia dias.
 O tapete encardido denunciava que aquela casa precisava de uma boa faxina, e ao redor, ele conseguia visualizar as frutas podres, tomadas pelo tempo. Quanto tempo? Havia quanto tempo ele havia se excluído do mundo, para dedicar-se em 100% àquele quebra-cabeça? Três dias? Três semanas? Não sabia descrever, pois tinha perdido toda e qualquer noção de tempo e espaço. A única coisa que conseguira fazer todo esse tempo, foi tentar encaixar todas as peças e visualizar a imagem que o passa-tempo tentava mostrar. Estava escurecendo, as luzes, ascendiam-se por si só. Pessoas passavam na rua, ele podia ouvir, assim como os carros e caminhões, que de vez em quando, estremeciam as estruturas das janelas, também imundas. Era como se ele estivesse anestesiado, não sentia frio, calor, nem lembrava-se ao menos, se havia tomado água ou tinha dado uma passada no banheiro. Nada de telefone: linha cortada. Internet? Nem se fala! Quase que incomunicável. Ouviu a campainha tocar algumas vezes - "Deve ser algum pedinte." - mas, nem se deu o trabalho de levantar para verificar quem era, pois, naquele momento, tinha uma ocupação de força maior, que tomava todo o precioso tempo de sua vida preciosa, e egoísta.
Sentia uma sensação no abdómen, era uma sensação de 'vazio'. Era fome? Não. Era solidão. Sensação que sentia há um bom tempo, perguntava-se: "Por que? Por que eu fico esperando bater em minha porta, ao invés de eu correr atrás. Preguiça. Não nasci para isso."
Colocava a penúltima peça:
- Onde está?
- Por onde anda?
Revirou todos os móveis e cômodos em busca da última  peça. Horas à procura e nada. Por mais que ele procurasse, teve a certeza que de assim como ele, o quebra cabeça nunca estaria completo.

Câmbio, desligo.




 Obrigado à Babi, minha amiga e irmã de anos, por me conceber algumas ideias.


segunda-feira, 8 de novembro de 2010

O que nos aguarda?

Onde? Starbuks, Alameda Santos, as 19:47H, SP.
O que nos aguarda?

 
 Uns já têm certeza do que querem,
Outros não.
E se todo esse planejamento
for em vão?

A inevitável dor que
nossos corações assola,
teremos que transformá-la
em outro sentimento.

Sguiremos de cabeça erguida;
Sabemos que não será fácil,
a dor da separação,
a ausência do cheiro da manhã.

Compartilhar histórias e sentimentos,
não será da mesma forma.
Teremos que nos acostumar,
afinal, ningém sabe o que nos espera.

Câmbio, desligo.

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

+ de 30 horas

Neste momento, tocando: Cansei de Ser Sexy - Alala
Tá, esse foi o fim de semana mais crazy e que eu menos dormi em toda a minha vida. E olha que durmo praticamente o dia todo, tanto no sábado como no domingo, e acordo sempre depois as 17H.

 
Sábado. (30 de Outubro)
 Acordei exatamete ás 12:00h. Levantei, fui até a cozinha, tomei café como de rotina, fiz algumas ligações para confirmar o "rolê" da madrugada. Estava tudo ok. Era aniversário de umas das minhas amigas da escola, e iríamos numa balada aqui perto de casa comemorar, como de costume. Fui ao shopping comprar umas roupas, pois não tinha nenhuma camiseta bacana para ir. Chegando em casa eram quase 18h, fui pra depilação (MELDELS, COMO DÓI!), tomei banho e fiz mais algumas coisas pra cuidar da beleza, haha. Chegando lá, as 21h, encontrei o pessoal que já estava a espera da aniversariante que ainda não tinha chegado... Conversa vai, conversa vem, me lembrei que no domingo de manhã estaria que estar de pé as 7:00h, pois iria para a hípica da minha outra amiga andar à cavalo. HA! Foi aí que percebi que não haveria tempo nem para um cochilo apenas, pra ir 'ok' montar no cavalinho à minha espera.
A música estava boa, o DJ estava variando bastante, tocando as músicas que eu conhecia e gostava bastante, apesar de tocar somente um ritmo: eletrônico. As pessoas dançando, as luzes, as conversar e risadas, tudo isso faz com que o tempo passe muito rápido, quando olhei no relógio, já eram 3:00h. Beleza! Sairia as 3:30h, subiria a rua de casa, e dormiria um pouco. E quem disse que eu consegui sair de lá esse horário? Antes de irmos todos pra fila, afinal, estava todo mundo com cara de bunda já. Estávamos encostados numa das mesas de bilhar e na nossa frente havia um sofá, com algumas pessoas sentadas e um garoto passando muito mal. "Esse garoto vai vomitar". Foi a última coisa que ouvi antes de fechar os olhos e ouvi-lo botando o jantar para fora. Esse foi o bastante para instigar-me a ir para a fila pagar minha comanda e sair dali o mais depressa possível.
Chegando na fila, 3:30h, pensei: "Rapidinho saio daqui e vou pra casa!". 5:30 foi o horário que mostrava no meu relógio quando tirava o dinheiro da carteira para pagar o caixa. Todos os meus outros amigos haviam sumido, e restaram somente três do grupo todo: eu e mais um casal, Patty e Tony. Não havia condução na rua o suficiente pra que eles pudessem ir embora para casa, e decidimos descer até o Mc'Donalds mais próximo para fazer uma boquinha. Ok, 6:00 e eles já podiam partir. Cheguei em casa as 6:30, pois os levei até o ponto de ônibus mais próximo, de subi a rua de casa, e esse trajeto tomou esse tempinho de min. Abri a porta de casa, e fui direto pro banheiro tomar um banho, arrumei minha bolsa e troquei de roupa e aguardei até que meu pai levantasse para votar, às 7:00h, e no caminho, me deixaria no ponto de encontro combinado uma semana antes com minha amiga dos cavalinhos.

Linha do tempo: 12:00h do sábado até as 7:00 do domingo: 19 horas acordado.

Domingo. (31 de Outubro)
Após ter tomado banho e não ter pregado os olhos a noite toda, fui até a cozinha e tomei algumas xícaras de café para que eu pudesse me manter acordado ao menos encontrar com os pais da minha amiga. Pois eu sabia que dentro do carro haveria muita conversa, e com isso eu o sono não me atingiria e continuaria alerta e falante. Demoramos por volta de 1:30h pra chegar na hípica, não fiquei muito atento ao relógio, pois a conversa estava muito boa, e estava muito sol, e eu não queria ficar com aquela marquinha de relógio no pulso, por isso, retirei antes de sair no sol e não ganhar a marcar por acidente, e afinal, era domingo e na segunda feira seguinte, não teria aula, então, não estava nem aí para as horas.
Passamos pela cidadezinha de Santa Isabel, e enfim, chegamos à hípica. Eu sempre tive um medo tremendo de cavalos, afinal, nunca tive um contato tão próximo do animal. Aqueles olhos imprevisíveis, o corpo másculo, as longas patas me diziam que por enquanto eu não devia ficar tão próximo assim deles, e o medo também estava relacionado a alguns vídeos e filmes que vemos, tanto na TV como na internet, de gente que leva coice e cai do cavalo. Isso não me ajudava em nada.
E adivinha o que me pediram pra fazer ao chegar perto das cochias onde os cavalos ficavam guardados? ALIMENTÁ-LOS! Entregaram-me algumas cenouras: "Chegue perto da boca dele e o deixe pegá-la". "Fodeu", pensei. Tentei da primeira vez, e a égua em que eu iria montar botou aquela cabeçorra para fora e relinchou quando viu as cenouras na minha mão. "Fodeu mais ainda", o segundo pensamento que me passou pela cabeça quando ela abocanhou os pedaços de cenoura na minha mão. Obtive uma resposta com esse primeiro contato com ela: Cavalos não gostam de carne humana, e nem de carne. Há! Era engraçado para as pessoa que já tinham intimidade com o animal, ver um garoto da cidade ter os primeiros momentos com a égua. "Dez dedos, duas mãos, dois braços." Estava tudo ok
Antes de montarmos os cavalos, fui ao carro e passei bastante protetor solar no rosto e nos braços, e em toda a área que estava exposta, para que eu não me queimasse, afinal, o sol estava bem em cima de nossas cabeças. Coloquei meu boné e meus óculos de sol, olhei no relógio, eram 11:30h. Chegou a hora de montar, recebi o ensinamento básico de direções, e de como fazer a égua parar e avançar, e o que fazer e não fazer em caso de queda. Saímos os três para cavalgar montanha à cima. Entramos em algumas trilhas, o medo de cair ainda batendo no peito, e quando senti segurança, esse medo foi passando, e o modo correto de se segurar em cim da cela foi dominado, e a vontade de acelerar e sentir o vento batendo no rosto foi aumentando, ouvi alguns passos pesados atrás de mina, e de repente estava correndo ao lado do cavalo em que o pai da minha amiga estava montado tão rápido que quando percebi, minha amiga já havia saído do meu campo de visão, e só havia eu, ele e os cavalos naquele lugar deserto. Ouvimos os passos da égua em que ela estava montada vindo de longe, voltamos e a partir daí começamos a cavalgar juntos, trotando, correndo, caminhando, todos junto, um acompanhando o ritmo do outro, e era muito bom saber que eu já tinha o controle do animal e havia alguma conexão entre eu e ela. Cavalgamos por um bom tempo. Quando chegamos de volta a hípica, olhei no relógio novamente, dentro do carro, eram mais de 15H. AI MEL DELS! Faz mais de vinte e quatro horas que eu estava acordado e não sentia o menor sono. Demos banho nos cavalos, e os levamos de volta à suas cochias, e depois disso, voltamos para o carro, estávamos indo de volta para casa almoçar.
Já passava das 17h quando chegamos em casa, uma bela refeição nos esperava na mesa. Conversamos sobre minha experiência, que havia sido ótima que poderia haver bis.
O  ônibus que eu esperava para voltar para casa, já demorava mais de uma hora para passar, quando já não aguentava mais tive de pegar um ônibus alternativo para voltar para casa. Já passava das 19h quando estava a caminho do metro quando recorri a minha última chance, liguei para o meu pai, para que ele me pegasse no metro próximo de casa. Quando cheguei em casa, as 20h, estava cego de sono.
Fui dormir exatamente as 20:30h, e depois disso dormi doze horas seguidas, e no dia seguinte, todo o meu corpo doía, principalmente minhas pernas e minhas costas.

Linha do tempo: 7:00h do domingo até as 20:00h: 13 horas acordado.
19h+13h=32h acordado.

Para finalizar, fiquei o dia todo na segunda assim: