terça-feira, 15 de setembro de 2015

Começo, meio e fim.



Para ler ouvindo Omem – Disclosure ft. Sam Smith 

A noite chega, mas não o sono. A rua se cala, porém, a mente não. Incrível como as cenas ficam se repetindo na minha cabeça. As que aconteceram e as que estavam por acontecer, mas, nós não fomos fortes o suficiente para tornar isso realidade. Por falar em realidade, até onde foi real aquilo tudo para ele? Até onde suas palavras foram ditas com o coração ao invés da boca para fora? Até que data estar ao meu lado o trouxe prazer, satisfação e segurança? Acredito que isso é o que tem de fato levado minhas noites de sono desde que tudo aconteceu.

Sim, estou aqui escrevendo sobre uma cena clichê. Pela qual todos já passaram ou passarão (espero de todo o meu coração, mesmo que em pedaços que não). Eu já passei por términos, e cara, foi barra, mas segui em frente, mesmo nas perdas mais dolorosas da minha vida até então, mas nunca encontrei-me em tal beco frio, escuro e úmido. E o que mais me incomoda é esse maldito sentimento ainda vivo dentro de mim. ‘On’ desde que o vi da primeira vez, com seus grandes e redondos olhos castanhos que, naquela noite, os céus apresentavam a mesma tonalidade: densa, escura e sedutora. Assim como ele. E me lembro bem, que naquele momento desisti de lutar contra mim mesmo e me deixaria levar por aquela, que para mim, seria só mais uma das minhas aventuras que eu tanto adorava adentrar de cabeça.

Sim, foi uma aventura maravilhosa. Muito aconteceu. Amizades foram compartilhadas, fotos foram tiradas, promessas foram feitas, planos foram traçados. Sorrisos, piadas internas, jantares, coisas nossas ao longo de quase 2 anos, num vai e vem de emoções e que me faziam muito bem. Muito de mim foi entregue de mãos beijadas. Não vou negar. Ele, mesmo que por ínfimos momentos fez a parte dele. Do jeito dele. Mas eu o amava, então, nada que acontecesse de ruim ao meu ver seria motivo para brigar, gerar atrito ou pragueja-lo com aquilo, afinal, todos somos humanos e suscetíveis a errar. Mas nem todo mundo enxerga da mesma forma que nós e foi ai onde eu
 pequei. Feio.

Essa foi a catarse para o nosso “acabar”. Eu errava, sabia disso, mas que porra então que estávamos fazendo juntos, senão, para melhorar um ao outro e ambos evoluirmos? Isso eu me pergunto toda vez que seu cheiro vem repentinamente nas minhas narinas ou alguma situação me faz lembrar dele. E é nesse pequeno sentimento que eu me agarro para não deixar a vontade dele me dominar. Mas me vejo lutando contra um vício, como se eu estivesse tentando largar alguma droga. Não é à toa que dizem que o amor é como cocaína... Antes eu tivesse cheirado uma carreira a ter ficado com ele até às 7am no carro. Antes eu não o tivesse beijado como o faria!

Quando tudo acabou e eu me vi perdido, a minha única saída foi desistir de tudo. Absolutamente tudo! Por que depois que vi que minha vida havia saído dos trilhos eu sentia que poderia ir a qualquer lugar. Larguei emprego, larguei lazeres, larguei dieta e o pior, me larguei para tentar algo que pudesse me reanimar e me trazer sede pela vida, algo que me possa me trazer à tona novamente e me faça sentir os pés no chão. Sei que nessa nova tomada de direção posso bater com a cabeça mas pelo menos poderei dizer a mim mesmo que estou tentando recuperar o que eu sinto que foi tirado de mim, não à força, mas controladamente e de forma maquiavélica, considere roupas, sorrisos, vontades e prazeres. E pior, como o fazia bem!

Das coisas que aprendi que me fazem muito bem e me trazem a paz que é praticamente como se você estivesse do meu lado? Dirigir à noite pela cidade, refazendo os caminhos que fazíamos em alta velocidade e discutindo meu gosto musical duvidoso, que entre uma música e outra você dizia conhecer, aumentava o som e velocidade do carro e eu me sentia vivo ali, sentindo o ar gelado entrar pelas janelas e bagunçar meus cabelos e barba. Tenho repetido isso por diversas noites em claro, só eu, meu carro e meu gosto musical duvidoso. E de quebra, ainda passo na frente da sua casa só pra me certificar de que você está em segurança, dormindo com a perna pra cima, ora falando, ora não.

Apesar de tudo, tenho minhas certezas: ninguém nunca me fez tão bem e tão mal ao mesmo tempo. Como uma pessoa próxima dele disse: “Não há ninguém no mundo que consiga te levar dos céus à terra como ele não é? Eu sei o que é isso, a irmã dele fez/faz a mesma coisa comigo”. A minha resposta vocês já sabem. Fiz minha parte. A sensação é de ‘missão cumprida’, pois fiz o que foi possível mas “não faltou amor, faltou amar”.


Com tudo isso percebi o quão grande é a minha capacidade de amar, de me entregar e de ser parceiro daquele que segura à minha mão perante uma multidão. Além do mais, aprendi também uma coisa muito valiosa: de toda situação tira-se algo muito bom e algo muito ruim: Eu aprendi com ele a ser uma pessoa melhor. Uma pessoa que ele jamais será. E a parte ruim de tudo isso? Ele ainda visita os meus sonhos.